22 junho 2006

Grupos 5

Teófilo deixou o café e seguiu para casa. Uma casa que não poderia existir na nossa noção de espaço. Apesar de pequena por fora era enorme por dentro. Imaginem um pequeno apartamento na Buraca repleto de salas, escritórios, câmaras e antecâmaras. Como Teófilo costumava pensar era uma questão de nunca se preocupar com o espaço porque, quando realmente precisávamos dele, ele aparecia. Os vários quartos cheios de estantes e armários albergavam uma colecção de antiguidades digna de museus. Isto se houvessem museus dedicados a bugigangas, tralhas e bric à brac. A mansão estava vazia, como sempre.
- Olá, já cheguei!! - Teófilo chegara a casa. Tinha por hábito cumprimentar a casa assim que entrava. Para além de ser educado com a estrutura que lhe dava tecto, tentava assim afastar qualquer suspeição que vizinhos metediços pudessem ter, sobre os sons que as suas “lembranças” às vezes faziam.
Fechada a porta da rua e colocando as chaves no chaveiro em forma de Estrela de David, Teófilo abriu a porta da ante-sala revelando, como seria de esperar, uma sala. Uma das várias que existiam nesta casa. Teófilo atravessa a sala em passo rápido e dirige-se a uma das várias portas que estavam colocadas numa das várias paredes. Na realidade a existência de paredes na casa de Teófilo era apenas uma crença. Não se sabe se existiam realmente porque os armários, as estantes, as prateleiras, os quadros e outras coisas, eliminavam da vista de qualquer observador um pedacinho que fosse de parede.
Teófilo continuou a abrir e a fechar portas percorrendo a distância entre elas com um passo acelerado. Passados uns minutos entrou na derradeira sala e encontrou o que pretendia. Na prateleira da última estante, por trás dos livros “Pirâmides e outros dejectos alienígenas”, “O catolicismo e outras modernices” e uma edição autografada pelo autor de "Como falar em público e convencer audiências" assinada por um tal de Jesus C., estava o que procurava... Chocolates.

4 comentários:

Rivera disse...

Gostei muito da foto assim, está 5 estrelas! :)

Rivera disse...

"A propósito não comentaste nada sobre a história em si"??? Ai ai ai, que o menino está a ficar mal habituado... :)
Está giro, podermos conhecer mais profundamente uma personagem do café. E até já descobri uma afinidade com o Teófilo, que é a mania dos chocolates :)

JAP disse...

Eu pessoalmente gosto da passagem "um tal de Jesus C."

Rivera disse...

Como diria um professor que tive de sociologia: "O meu amigo J.C." :)