08 abril 2006

Ocupação desiludido.

No meu perfil podem encontrar o seguinte: Ocupação desiludido.
Talvez me tenha explicado mal. No campo Ocupação normalmente coloca-se a àrea profissional. E aí, digamos que estou desiludido com a minha área profissional. Ou melhor, com o seu resultado na minha vida. Na realidade sei que sou bom no que faço. Para quê estar com falsas modéstias? Mas por esta ou por outra razão ainda não consegui "aparecer".
Por outro lado, lido 'ao pé da letra', parece que a minha ocupação é estar desiludido e isso é errado. Não particularmente mas globalmente errado.

A desilusão acontece quando tomamos consciência de que andámos iludidos sobre algo ou alguém. E isso acontece-me por vezes. Acontece-me graças a características que tenho e prezo. A inocência e a boa-vontade. Por vezes sou demasiado inocente deixando-me iludir. Por outro lado é essa inocência que me permite ter na vida surpresas positivas. Sei que não está na moda. Hoje em dia é totalmente uncool ser surpreendido. A cultura vigente passa à maioria a ideia de que devemos estar sempre tranquilos e não nos deixar surpreender por nada. Como no seguinte diálogo:
- "always expect the unexpected"
- "but, sir, if we expect it, how can it be unexpected?"
- "good point, son, then i have another advice: always expect the expected"*.

E não é isso que fazemos todos, esperar o esperado? Pelos vistos não.

A mágoa da desilusão vem em parte da perda do objecto idealizado, quando confrontado com a noção divergente do objecto real, mas também da mágoa de nos termos deixado iludir. Esta segunda parte pode ser diminuida se pensarmos que não fomos nós que errámos na análise, foi o outro que se esforçou para ser realmente habilidoso e assim conseguiu enganar-nos. Quanto à primeira parte, não se iludam... dói sempre.

*Terry Pratchett, num livro que não me ocorre agora.

6 comentários:

NAM disse...

Este é um post inacabado... talvez um dia destes volte a publicar algo mais pessoal.
(É que havia para aí pessoas que se queixavam da inexistência de posts de cariz pessoal)
:p

Rivera disse...

Tens toda a razão no que dizes! A mim também me acontece frequentemente iludir-me com as pessoas, vejo-as como se fossem "perfeitas" e chega sempre o momento em que vemos que são "como todas as outras", têm defeitos... A verdade é que essa é uma ilusão só nossa e que as outras pessoas não têm culpa de as termos idealizado demasiado dentro da perfeição.
Resultado: nós é que acabamos sempre por sofrer...

LuMa disse...

Eu acho que a (des)ilusão é a nossa caixa de Pandora, se assim não fosse, existiriam suicídios em massa. Importante que seja o papel da (des)ilusão é tb importante nunca nos rendermos a ela, é aí que reside o segredo.

JAP disse...

Este post eu já comentei doutra forma. A desilusão é uma maneira de ver as coisas, somente isso...

Artur disse...

Eu compreendo. Isto da desilusão, todos nós em crianças queriamos ter carros desportivos e mulheres rapidas, ficamos-nos pelo trabalho das 9-6 e a velocidade limite imposta pela lei. Eu ja' tenho o meu post sobre passado e presente e parece que o nosso problema e' espectativas exacerbadas (palavra de 25 escudos, na moeda antiga), se tivessemos nascido num pais tipo Coreia do Norte, neste momento garanto-te que não estarias desiludido.

NAM disse...

LOL... é uma forma de ver as coisas.