22 março 2006

Temos de arranjar um título melhor para Isto

No início foi mais ou menos isto, depois seguiu-se isto e agora isto:


Entretanto do outro lado do mundo, o lado de dentro, Miguel veio a si de um sono conturbado. A sua consciência chegou até ele no instante imediatamente anterior a deparar-se com uma realidade ainda mais perturbadora. Estava deitado no convés da traineira. Aparentemente só, Miguel estranhou o ambiente. A traineira estava encalhada num rochedo, e o rochedo fazia parte de uma gruta do tamanho de um hangar onde caberiam três Boeing 747 lado a lado. Quanto à altura, digamos que um piloto treinado poderia levantar voo lá dentro com um dos referidos aviões. Miguel não teve logo a noção deste espaço uma vez que as tochas presas nas paredes da gruta não o iluminavam por completo. Parte da gruta estava inundada por uma água suficientemente escura e ondulante para fomentar a existência de mitos sobre monstros marinhos. Apesar da estranheza deste cenário, o que realmente perturbou Miguel foi a banda sonora desta cena. A voz de Dulce Pontes e a “Canção do Mar” sempre o assustaram.

Miguel tentou gritar – “Oh de terra!!” mas o que saiu dos seus lábios foi: - Hello. Is there anybody in there? Just nod if you can hear me. Is there anyone home? (Comfortably Numb, Pink Floyd) - Miguel ficou perplexo, levou as mãos à boca tapando-a, recuou alguns metros e tropeçou no croque, que nós leigos identificamos como a vara que tem um gancho na extremidade para puxar cabos ou outras coisas para bordo da embarcação. Ao tropeçar Miguel caiu de costas, o que é pena porque não viu a cena fantástica que se veio a desenrolar para lá dos costados da traineira. Não viu, mas ouviu o som das águas a afastarem-se sentindo a traineira a abanar com a ondulação que se gerou. Quando finalmente se conseguiu pôr de pé Miguel não queria acreditar no que via. No centro da caverna estava uma figura monstruosa no seu tamanho, mas por alguma razão com um aspecto pouco assustador. Tinha uns olhos parecidos com os de um de cachorro mas cada globo ocular era do tamanho de um cão adulto. O seu corpo, ou pelo menos a parte que estava acima da linha de água, tinha um tom esverdeado e parecia lustroso como a pele de um golfinho.

Miguel não queria acreditar mas foi forçado pela voz que ecoou pela vasta caverna: - Olá tu por aqui, olá então como vais? Tudo vai bem? – perguntou o monstro na voz de Paulo de Carvalho.

-Olha, tudo vai mal para mim. – respondeu Miguel sem pensar.

- Mas tudo vai mal porquê?

- When the light begins to change, I sometimes feel a little strange, A little anxious when it's dark (Fear Of The Dark, Iron Maiden). – cantou Miguel ainda um pouco perplexo.

- Never let your feelings get you down. Open up your eyes and look around. It's just an illusion, tup tup tup tup ha ha, illusion, tup tup tup tup ha ha, illusion. (Just an illusion, Imagination).

- O que faço aqui, quem me abandonou, de quem me esqueci? – disse Miguel novamente na voz de Paulo de Carvalho.

- It's sad, so sad. It's a sad, sad situation, And it's getting more and more absurd. It's sad, so sad. Why can't we talk it over? – Cantou o monstro com olhos de cachorro. (Sorry Seems To Be The Hardest Word, Elton John).

Apesar do medley ser um exercício de estilo extremamente interessante, o autor resumirá numa próxima oportunidade a informação que se reteve desta estranha cantiga a várias vozes.

2 comentários:

LuMa disse...

bem, isto está cada vez mais estranho... e interessante! :p

JAP disse...

PPPssiiuuuu é oportunidade!