Grupos (10 - Continuação)

Estavam já os três sentados nas cadeiras de pele negra, em volta da mesa de mogno com pernas de metal cromado, quando O ouviram pela primeira vez.
- Olá, sejam bem vindos.
- Humm, ahhhh... - Tentou dizer Rudolfo.
- Bem vindos onde? Onde raio é que é suposto nós sermos bem vindos?
- Calma Trunfas, deixa o senhor falar. - Tentou Tecas.
- Calma o camandro, tiram-nos da nossa vidinha, colocam-nos num sítio estranho e depois nem aparecem para falar...
- Tem toda a razão Bernardo. - voltou a falar a coisa em cima da mesa.
- Bernardo?!?! Ah ah ah. Aiii!!!
- Nem tentes Tecas...
- Epá, rapazes!!
- Obrigado Rudolfo, como eu ia a dizer, sejam bem vindos a esta digamos reunião. Presumo que tenham perguntas para colocar.
- Por acaso – começou Bernardo, ou melhor Trunfas – até tenho. Onde estamos, como é que sabe os nossos nomes, quem é o senhor e porque é que estamos aqui?
- Ah e já agora, esta coluna é da JBL? - Atalhou Tecas sob o olhar reprovador dos outros dois.
- Pois bem, por onde é que hei-de começar... De certeza que já ouviram a expressão de que a vida é um jogo. Não sei onde é que vocês humanos vão buscar essas ideias. Na realidade a vida é um campeonato! Imaginem por favor que cada forma de vida no Universo tem um... falta-me o termo... digamos treinador. De acordo com o desempenho dessa espécie, hum... a equipa passa para outras... divisões. Outros planetas ou outros niveis de existência.
Os três estavam mudos.
- A vossa presença aqui tem a ver com a proximidade do fim da actual época e segundo o que me chegou aos ouvidos, se nós não fizermos algo muito rapidamente vamos passar mais um milénio neste planeta.
Os três continuavam mudos.
- Pois bem, não têm nada a dizer?
O silêncio só era perturbado pelos sinais vitais dos três.
- Ok, então vou continuar a desenhar o cenário. A proximidade de uma nova guerra atómica está a colocar em risco toda a minha táctica para este última temporada. Quem raios adivinharia o sentido de voto do povo Americano?!!?
No meio da surpresa Rudolfo conseguiu finalmente articular algumas palavras - Epá, mas porquê nós? Nós não temos poder para fazer nada...

(continua)