Grupos (2 - cont...)

Naquele café parava também o grupo dos engenheiros. Não que fossem todos engenheiros, afinal havia o Rodolfo. O Carlos também não era engenheiro, era professor e as mulheres do grupo não pareciam engenheiras. Na realidade ninguém sabia porque é que lhe chamavam o grupo dos engenheiros, simplesmente tinha acontecido assim. Eram sobretudo homens de meia-idade. Eram também homens de meia-altura. Bem, havia sempre o Rodolfo. Todos eles tinham família, filhos e mulheres que apareciam de vez em quando. Bem, havia sempre o Rodolfo. Rodolfo era um elemento à parte. Uma figura grande que se deslocava de forma atabalhoada por entre as mesas assim como por outros cenários da vida.

Rodolfo estava no café já há duas horas quando o seu Nokia deu sinal, “uma curva belíssima, uma equipa fantástica”. O toque do telemóvel teria passado despercebido, em parte graças ao ruído do moinho de café mas também porque nessa mesma altura o grupo colorido saudava um dos seus elementos que tinha chegado. Teria passado despercebido não fosse Paulinho, o empregado do café.
- Oh Rodolfo atende lá essa merda!
- Epá... que é que queres... é uma mensagem...
Rodolfo tirou o telemóvel do bolso do casaco, “ÉS A NOSSA FÉ, FORÇA...” e começou a premir botões até conseguir ler a mensagem. A propósito era um MMS. A mensagem transtornou Rodolfo que, atabalhoadamente, paga o whisky e abandona o balcão do café com a pressa que lhe foi permitida, dirigindo-se para a rua atrás de um gadelhudo e quase esbarrando com o grupo colorido. Registou-se quase porque apenas quatro dos sete elementos presentes sofreram o embate.
- Epá... desculpem lá...
Já na rua e a caminho do seu carro, Rodolfo dobrou a esquina, desta vez metaforicamente falando e não como aquela situação em que dobrou realmente a esquina quando depois de bem bebido a abalroou fortemente.
Rodolfo dobrou a esquina e desapareceu também.